P&P como "recurso pedagógico"


Tive  uma excelente conversa com o Prof. Dr. Fernando Fernandes Paiva do IFSC-USP, pesquisador nas áreas de Ressonânia Magnética Nuclear e de Educação, que gentilmente se disponibilizou para jogar uma partida de P&P comigo, para conhecer melhor a proposta desse jogo. Eu já conhecia o Prof. Paiva "de outros carnavais", tendo cursado durante meu mestrado a disciplina Práticas Pedagógicas no Ensino Superior que ele ministrou (e ainda ministra eventualmente).

Ao longo de quase uma hora, nossa conversa oscilou entre jogo e metajogo, com o Prof. Paiva inquirindo sobre aspectos mecânicos e decisões que fiz durante o desenvolvimento do sistema ao longo de nossa partida, questões levantadas que depois culminaram em aguçadas observações sob a ótica de um educador: para o Prof. Paiva, o elemento distintivo do P&P não é como um jogo em si — tal qual um jogo de tabuleiro que qualquer pessoa compraria para o entretenimento pessoal —, mas sim como um recurso pedagógico (nas palavras dele) para ser usado efetivamente como atividade em sala de aula, dentro do tempo típico de uma aula dupla no IFSC-USP (cem minutos) e com uma divisão típica de grupos (seis alunos por grupo, uma quantidade que permite que as partida típicas de doze rodadas de P&P durem de trinta a quarenta minutos). Essa abordagem prática, gamificada*, torna o P&P uma ferramenta de aprendizado ativo sobre o tema da ética na pesquisa — no meu entendimento, mais efetiva como estratégia de ensino do que uma aula teórico-expositiva sobre Ética na visão de diferentes pensadores ao longo da história, dado o público-alvo de alunos de graduação e pós-graduação. Esse assunto é fundamental na formação de bons pesquisadores, que não são anjos** e não precisam ser,  no entanto essa discussão é vista raramente dentro da academia — sendo esse é um dos motivos da existência do P&P.

À parte de outras discussões menores (como de talvez mudar o formato do tabuleiro para ser o próprio logo da USP, já que o S no tabuleiro atual já vem dele), o Prof. Paiva propôs-me usar o P&P como uma atividade em aula na próxima vez que ele for ministrar a disciplina Práticas Pedagógicas no Ensino Superior, algo me deixa bastante lisonjeado e com a qual pretendendo contribuir para a melhor execução possível. Além disso, ele sugeriu também que eu perguntasse aos coordenadores dos três cursos de bacharelado do IFSC — Física, "Fiscomp" e "Biomol" — a possibilidade de usar o P&P como uma atividade na disciplina de primeiro ano Panoramas da Física Contemporânea, uma matéria que é tradicionalmente de atividades passivo-expositivas, com os calouros assistindo palestras semanais (eu achava essa disciplina bem chata, embora reconhecesse a eventual importância dos assuntos ali vistos). Farei um comunicado por email aos docentes responsáveis por essa disciplina, colocando os Profs. Paiva e Magalhães em cópia.

E como sempre falamos ao fim de uma postagem, leia o Guia de Boas Práticas em Pesquisa da USP, agora na segunda edição!


*Anglicismo também usado pelo Prof. Paiva, sendo curiosamente um jargão bem comum na comunidade de desenvolvedores de jogos como um todo.

**Lembrei-me recentemente dessa palestra, que foi proferida bem no ano que entrei na universidade, mas que não assisti na época. Ela ainda está disponível no YouTube, sendo um estudo de caso bastante interessante sobre a ética na pesquisa — tanto uma, como a outra, atividades essencialmente humanas.

Get Pesquisas & Publicações (P&P)

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